A NATUREZA DO CONHECIMENTO APÓS A VIRADA LINGUÍTICO-PRAGMÁTICA


           O que está em pauta nesta discussão são os fundamentos do conhecimento, o como conhecemos? Depois de muita discussão caímos em uma naturalização do conhecimento. Quando se discute um conhecimento com natureza biológica, temos esta definição: naturalização! É um discurso com tendência para a linguagem, algo comunicativo a partir de argumentações e proposições.
           Até o século XIX o conhecimento é privilegiado, e a mente representa, é ela que faz reconhecer. Kant elimina a mente cartesiana, e coloca no lugar estruturas formais da razão, o entendimento proporcionando a todos a forma de localizar no tempo e no espaço o conhecimento. O conhecimento para Descartes é um alguém solitário, sozinho, esta é uma mente pensante, subjetiva. Então o conhecimento para Descartes ainda esta sendo questionado; é a mente que faz a representação.
            E a mente que representa, pressupõe e é a mente que representa algo.  Pode ser qualquer objeto, e pode ser conhecido tal como é por que a mente representa este objeto. Então conhecimento é ter estas representações que ela consegue conhecer. (idéias de Descartes, Locke). Para Locke também e a mente que representa, com idéias simples e complexas.
            No século XVII, ouve a virada epistemológica. E no século XIII a virada transcendental. E no final do século XIV a virada lingüística, com a corrente neopositivista. Século XX a virada pragmática. Nestes últimos estão, Wittgenstein e Habermas trazendo em pauta as questões: o que conhecemos, e como conhecemos?
            Na filosofia contemporânea surgiu a virada lingüística, mas ainda há resquícios de “mentalismo” na filosofia contemporânea. Virada lingüística é, para dar conta dos conhecimentos, não é mais necessário levar em conta a mente.
      Habermas, filósofo alemão, nasceu em 1929 em uma cidade da Alemanha, e, se aproxima da escola de Frankfurt; uma corrente muito crítica, mas ele não se enquadra aos seus pensamentos, pois ele é um filósofo otimista, sendo que os outros não são. Trata das questões epistemológicas, visando responder a princípio a seguinte questão: como é possível ter um conhecimento nesta sociedade?
   Nas sua “3°” fase, ele se posiciona na teoria da ação comunicativa; com ação pragmática, com varias informações e comunicações.  Derivando daí a intersubjetividade, que é justamente a virada lingüística.
   A contra ponto de Descartes, por assim dizer, desconstrói o Ego alter ego, a subjetividade a respeito de algo. É o ato de fala com sua validez. Validez é uma verdade, normatividade e sinceridade para este filósofo. A verdade passa de condição epistemológica, entre sujeito e mundo, e passa para uma verdade que vai entrar na argumentação, de uma determinada proposição, então tem a ver com o mundo objetivo, social, na normatividade; e na sinceridade esta a subjetividade, e é ai que prejudica a comunicação. Na normatividade social é uma espécie de “não fume” e as pessoas acatam como sinal de trânsito, e o erro provêm de algumas destas imprudências. Se usar da autoridade a linguagem não é comunicativa, pois esta visa o acordo e entendimento, e sem um consenso, não há comunicação!
            A comunicação tem um sentido libertário, emancipadora, pois existem sujeitos em espaços públicos que podem expor suas idéias. Do que se esta tratando?  A linguagem vem destruir a concepção que não é só a razão e o pensamento que são os detentores do conhecimento.
            No nosso meio social temos ações lingüísticas e não lingüísticas; pois se compramos alguma coisa e não agradecemos esta não é lingüística, oposto quando agradecemos. Em um assalto podemos tentar com argumentos chegar em algum acordo, e se for compreensível para ambos (Assaltado e assaltante) aí tem a linguagem comunicativa; mas geralmente as pessoas usam a linguagem estratégica, exemplo é persuadir uma criança. Depois de tudo isso, veremos se há produção de conhecimentos. Algo é construído na sociedade se este é real.
            Como vamos usar a realidade? Junta duas coisas, a filosofia lingüística e a pragmática. Une as duas e chega-se em um acordo para com isso obter uma verdade e justificação. Mas terá que dar conta ainda do realismo, pois falamos deste mundo. Poderíamos perguntar se conhecemos o mundo apenas pela mente? Visto que temos uma série de pressupostos que as concepções antigas de conhecimento não levavam em consideração. A ação comunicativa é o que vai dar conta do realismo.
            E para isso, recorremos ao filósofo Peirce; é uma metafísica moderna. Temos o que ele chama de primeiridade, seguidade e terceiridade. O primeiro é o contado bruto que o mundo tem para nós, só passa; são como terremotos. Seguididade, do terremoto tentamos sair deste caos que nos ameaça, nós tentamos, entramos em contato de ação que queremos mudar para sobreviver, beber água etc. Terceiridade é o nível que funciona os signos, a linguagem que entra significando, é um nível que tem ícones que são imagens; tem mais dois...
            No que Wittgenstein influencia? Ele esta situado nas formas de vida. Saiu da mentalidade e foi para proposição; e depois para formas de vida (caminhos da virada). Segundo Luduvic, vivemos com jogos de linguagens em um contexto concreto, onde vivemos e interagimos um com o outro. Nossas gramáticas funcionam como formas de vida. Formas de vida são os nossos relacionamentos, como o trânsito, sacolas etc. estas são formas de vida.  “O sim no casamento é um compromisso com a linguagem. Quando alguém (padre) fala, eu te batizo! Este já batizou como o sim, como no casamento”.
            Temos três níveis de fala para Strawson Searle, são eles: o locucionário, iluciocionário e o perlocucionário. No primeiro tem a gramática, a sintaxe e a referência. Tudo esta contemplado no locucionário; quando dizemos: passe o seu dinheiro! é passe seu dinheiro mesmo! Quando alguém diz algo em algum contexto de fala que é de ação de linguagem, são os usuários de fato que inferem o pedido, o desejo etc. E os atos ilocucionários são estratégicos, como um cara jogou um sapato no Busch. (Exemplo).
            Mas será que isso é suficiente para obter conhecimentos? Como fica o conhecimento, a realidade? Por isso não podemos dispensar essas posições da linguagem e nem a realidade. Todos estes filósofos caminham nesta direção, nestas questões. A linguagem não fica apenas no formal, e sim com a comunicação em algum determinado contexto.
            A virada lingüística fez passar das categorias (termo kantiano) do entendimento para as linguagens universais; como, todos, seus, meus, etc. e quando falamos “meu deus”, que lógica vai ter isso? Quando estamos conversamos e perguntamos, não estamos mais em proposições, passamos neste sentido para os atos de linguagem.  A linguagem não é mais proposições assertóricas. Nestes tratados estamos acabando com o reducionismo.
            Habermas faz a virada lingüístico-pragmática. E no interior dela ele faz um giro realista, moderado. A relação com o mundo; a verificação de Carnap são enunciados que vão falar do mundo; e a linguagem vai surgir diante de alguns problemas nos fatos  que daí  vai ser verificada a verdade ou a falsidade de uma proposição.     
            A virada pragmática esta pautada geralmente em dois principais filósofos, a saber: 2° Wittgenstein e Perce. Este último leva em conta o contexto da fala, os fatores pragmáticos da comunicação. Sendo assim, o mundo não é visto como síntese de possíveis fatos para uma comunidade lingüística que compreende o mundo como aprouver por seus “raciocínios”.
            Esta virada pragmática estabelece também a diferença entre o real, em proposições veritativas e, o verdadeiro, que é o resultado de um posicionamento em uma discussão objetivando uma validez de sua asserção levando em conta a valide que será aferida pelos interlocutores e depois, interpretada por todos da comunidade. E a justificativa da verdade de um oponente deve ser defensável por seus argumentos contra todas as objeções dos “adversários” e depois chegar a um acordo racional da comunidade em geral. Podemos dizer que o que esta em jogo é, justamente mostrar como os significados se mantém diante da diversidade de realizações lingüísticas. Mas a verdade esta justamente na discussão a respeito do enunciado em debate, é um processo de justificação e deve-se encontrar condições favoráveis para se efetivar.
            Deve-se, neste sentido, a linguagem estar interligada com as ações no mundo para que se tenha um juízo a ser verificada pelos interlocutores. Mas Habermas diz que a verdade não deve estar pautada em fatos empíricos, pois é pela comunicação que a verdade é avaliada. Mas alega que é necessária uma ligação da linguagem com o mundo, entre proposição e fato, pois é a partir desta relação que tentamos, ou solucionamos um determinado problema.  Já Wittgenstein propusera a linguagem dizendo o “sentido, comum” do mundo, com fundamento de sentido. E o segundo Wittgenstein, leva a espontaneidade transcendental da função expositiva para uma entre outras gramáticas dos jogos de linguagem, usada pelas diversas formas de vida. Para ele, as formas de proposições não é o pensamento que detém, e sim a capacidade de seguir uma regra de saber pelo aprendizado, como jogar o jogo. É uma atividade e não um estado mental (Descartes). Portanto a linguagem se relaciona com as formas de vida, no uso cotidiano, justamente em função do comportamento humano em sua vida nas diversas situações.